O calendário de vacinação infantil do Sistema Único de Saúde (SUS) passou por mudanças
importantes neste ano. A principal alteração foi a substituição da vacina meningocócica C pela vacina
meningocócica ACWY, aplicada agora em crianças de 12 meses. A medida, segundo o Ministério da
Saúde, amplia a proteção contra mais sorotipos da bactéria Neisseria meningitidis, responsável por
causar a meningite.
A decisão foi anunciada no início do ano, após avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias no SUS (Conitec) e da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), que
recomendaram a ampliação do espectro vacinal com base em dados recentes de vigilância
epidemiológica.
Mais proteção para as crianças
Na prática, isso significa que além do sorotipo C, a nova vacina oferece proteção contra os tipos A,
W e Y. A mudança ocorre no reforço aplicado aos 12 meses — as primeiras doses continuam sendo
aplicadas normalmente conforme o calendário vigente.
“É um avanço importante. A vacina ACWY já era usada em redes privadas e agora está disponível na
rede pública, o que garante mais equidade no acesso e amplia a cobertura contra a meningite, uma
doença grave e de rápida evolução”, explica a infectologista Carla Gomes, consultora da Sociedade
Brasileira de Pediatria.
Cobertura vacinal ainda é desafio
Apesar da atualização, o Brasil enfrenta um problema antigo: a baixa adesão às vacinas infantis.
Segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI), a cobertura vacinal da meningocócica
C foi de apenas 63% em 2024 — bem abaixo da meta ideal de 95%.
Para especialistas, isso se deve à desinformação, à hesitação vacinal e às dificuldades logísticas
enfrentadas por algumas famílias. “A mudança na vacina é positiva, mas se a adesão continuar
baixa, não teremos o impacto esperado na proteção coletiva”, alerta a médica.
Importância da informação e da confiança
Diante desse cenário, o Ministério da Saúde lançou uma nova campanha nacional de
conscientização sobre a vacinação infantil, com foco nas redes sociais e parcerias com
influenciadores, especialmente mães e pediatras. A ideia é combater fake news e reforçar a
confiança nas vacinas, que são seguras e eficazes.
A enfermeira Marilene Dias, que atua há 15 anos em uma Unidade Básica de Saúde no interior de
São Paulo, confirma que os pais têm mais dúvidas hoje do que há uma década. “Antigamente,
vacinar era uma certeza. Hoje, a gente precisa explicar muito mais. Informação é saúde”, resume.
O que os pais precisam saber
A vacina meningocócica ACWY está disponível gratuitamente no SUS para crianças de 12
meses.
Mesmo quem tomou a dose anterior (meningocócica C) pode receber a nova vacina no reforço.
É possível consultar o calendário vacinal completo no site do Ministério da Saúde
(gov.br/saude).
As vacinas são aplicadas nas UBSs de todo o país. Leve a caderneta de vacinação da criança.
Avanço com responsabilidade
As mudanças no calendário são reflexo de um esforço contínuo para manter o Brasil como referência
em imunização. Mas esse avanço só será efetivo se houver adesão da população.
Vacinar é um ato de proteção individual, mas também de responsabilidade coletiva. Em tempos de
desinformação e hesitação vacinal, garantir que as crianças recebam as doses recomendadas é,
mais do que nunca, um compromisso com o futuro.

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