
Apesar dos avanços nos últimos anos, a hanseníase segue sendo um desafio de saúde pública no Brasil. Persistente em determinadas regiões e muitas vezes diagnosticada tardiamente, a doença ainda compromete a qualidade de vida de milhares de brasileiros.
Segundo o Boletim Epidemiológico Especial nº 2, publicado pelo Ministério da Saúde em janeiro de 2025, o país registrou 135.964 novos casos entre 2014 e 2023. Isso significa que o Brasil ainda apresenta uma taxa média de detecção acima do ideal para considerar a hanseníase eliminada como problema de saúde pública.
Onde estão os maiores focos?
Os dados revelam um panorama detalhado da situação nacional. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste concentram os maiores índices de detecção, o que mostra que a doença ainda circula com força em áreas vulneráveis.
Outro ponto de alerta é o perfil dos pacientes. A maior parte dos casos atinge adultos jovens, mas chama atenção o número de diagnósticos em crianças, o que indica transmissão ativa e falhas na identificação precoce.
Além disso, cerca de 9% dos pacientes já apresentam algum grau de incapacidade física no momento do diagnóstico — sinal claro de que a doença está sendo detectada tardiamente em muitos casos.
A importância do diagnóstico precoce
A hanseníase é uma doença curável, mas o diagnóstico tardio pode causar danos irreversíveis aos nervos periféricos, levando à perda de sensibilidade e deformidades físicas. Também há impactos sociais profundos, como o preconceito e a exclusão social.
O tratamento é gratuito e está disponível pelo SUS, com medicamentos padronizados e acompanhamento multiprofissional.
Como estão as notificações?
Além dos dados epidemiológicos, o Boletim Epidemiológico Volume 56, nº 2 (2025) avaliou a qualidade das notificações no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Apesar de avanços, ainda há lacunas importantes, especialmente em campos como a avaliação neurológica e o acompanhamento pós-tratamento.
Caminhos para a eliminação
O Brasil faz parte do Plano Global de Eliminação da Hanseníase 2021-2030, coordenado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Para atingir as metas estabelecidas, o país tem trabalhado em três frentes principais:
- Reduzir drasticamente os casos com grau 2 de incapacidade;
- Interromper a transmissão comunitária;
- Ampliar a capacitação de profissionais da Atenção Básica para facilitar o diagnóstico precoce.
Informação também é tratamento
Mais do que medicamentos, o combate à hanseníase exige empatia, combate ao preconceito e campanhas de conscientização. A busca ativa por casos e a orientação à população são estratégias fundamentais para quebrar o ciclo de transmissão da doença.
🩺 Atenção aos sinais: manchas claras ou avermelhadas na pele com perda de sensibilidade ao calor, dor ou toque podem ser um sinal de hanseníase. Em caso de suspeita, procure a unidade de saúde mais próxima. O diagnóstico precoce salva vidas e evita sequelas.
📚 Fontes:
Boletim Epidemiológico v.56 n.2 – Avaliação do Sinan – Ministério da Saúde (jan/2025)
Boletim Epidemiológico Especial – Hanseníase – Ministério da Saúde (jan/2025)